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Conselho de criança

  • Foto do escritor: Maria Gisele Knust
    Maria Gisele Knust
  • 9 de jun. de 2015
  • 2 min de leitura

Ao invés do conhecido conselho de professores, uma escola primária decide fazer um conselho de alunos de cinco anos de idade para uma avaliação dos professores, pais e mães.

A reunião ocorre no patio da escola.

Cadeirinhas coloridas são organizadas em torno de uma mesa. Ao lado um tapetinho de borracha azul com banquinhos e um lanche de biscoito de polvinho, suquinho e bolachas doces.

Constância: Adulto é a pessoa que em toda coisa que fala, vem primeiro ela.

Pedro: Para mim é quando uma pessoa está morta.

Ana: Isto é um ancião!

Eduardo: Não. Ancião é um homem que fica sentado o dia todo. E depois morre muito rápido quando os anos dele vão embora. Mas é uma coisa muito boa, porque aparecem rugas nas pessoas.

Jonas: Ancião é uma pessoa antiga que está pobre.

Alice: Meu avô é ancião, tem rugas, é pobre, mas não morreu. Quando morrer vai virar uma estrela e vai morar no universo que é a casa das estrelas.

Luisa: O meu pai não é ancião, mas é pobre. É uma pessoa muito especial porque me tinha no coração quando eu ainda estava na barriga da mamãe.

Vitória: Eu não tenho pai, mas minha mãe cuida muito de mim, me dá comida quando eu não quero. Me entende e depois se deita pra dormir.

Linda: Minha mãe me ensina o que eu devo querer. Eu acho que ela nasceu, cresceu, teve um filho e morreu, mas ela ainda tá viva e me ama.

Daniel: Minha mãe me ama quando me bate e dói muito.

Manuela: O amor é o que faz as crianças. E criança é um humano feliz e tranquilo.

Jorge: Tranquilidade é quando meu pai diz que vai me bater e depois esquece. Aí eu vou pra escola.

Laura: A escola é uma casa cheia de mesas e cadeiras chatas.

Olívia: E o professor é uma pessoa que não se cansa de copiar.

Jonas pega um suquinho.

Daniel se cansa e vai para o escorrega.

Alice empurra Eduardo.

Jorge chora.

Olívia dorme.

O sinal toca.

O conselho se encerra.

Sem ata, sem notas.

Vinte anos se passam.

Eles não foram ouvidos.

E seguem como adultos que em toda coisa que fala, vem primeiro ela.

FIM

Livre adaptação em cena, das definições das coisas por crianças.

Do livro de Javier Naranjo - Casa das Estrelas - O Universo contado pelas crianças.

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