Santo abandono de todos os dias
- Maria Gisele Knust
- 15 de jul. de 2015
- 1 min de leitura
J. Key: Mãe, você me desculpa?
A. Key: Por quê?
J. Key: Porque ontem eu dormi na vovó e abandonei você.
A. Key: Filho, não precisa se desculpar.
J. Key: Tá bom. Mas eu te desculpo, tá?
A. Key: Ah, é? Por quê?
J. Key: Porque quem vai trabalhar, abandona. Quem não busca na escola, abandona. Quem demora pra chegar do trabalho, abandona. Quem não para pra brincar, abandona. Quem não assiste filme juntos abandona. Quem não dá comida na boca, abandona...
A. Key corta o filho assustada.
A. Key: Santo Deus! Eu faço tudo isso com você?
J. Key: Às vezes. Algumas coisas. Mas como eu tô te dizendo... Eu te perdoo tá, mãe?
Silêncio.
J. Key: Mãe? Mãe?
Pausa.
J. Key: Mãe?
A. Key paralisa assustada. Insípida, inodora, incolor. Porque indolor ela não tinha condições de ser.
Recupera-se.
A. Key: Oi, filho...
J. Key: Pensei que tivesse me abandonado.
A. Key (segurando o choro): Não, meu querido, eu vou me esforçar para não te abandonar mais, tá bom?
FIM.

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