top of page

O carro do Bob

  • Foto do escritor: Maria Gisele Knust
    Maria Gisele Knust
  • 2 de set. de 2015
  • 2 min de leitura

Rio de Janeiro, Laranjeiras.

Hoje, sete e cinquenta da manhã.

Barulho de caminhão passando na rua.

J. Key larga tudo e corre pra varanda.

Ele gosta de ver o caminhão de lixo passar.

Neste caminhão, trabalha Luiz.

Cinco anos atrás.

Rio de Janeiro, Botafogo.

Clarice desce o elevador com a tia A. Key.

Luiz passa apressado apanhando os sacos de lixo na portaria do prédio.

Clarice sorri saudosa, abre os braços e corre.

Luiz avista a pequena em sua direção, não entende. Retira as luvas sujas, correndo. Joga-as no chão. E entrega o colo para Clarice.

Clarice pula de uma vez só, abraça apertado.

Clarice Koston: Ooooooi menino, quanto tempo?

Luiz ri assustado. Embargado no choro, pelo susto do encontro fortuito e generoso, retribui o abraço.

Luiz: Que menininha bacana, cara.

Clarice desce do colo de Luiz, acerta o cabelo com as duas mãozinhas gordinhas. Despede-se. Pega na mão de A. Key que aguarda a cena com paciência. Seguem.

Luiz, ainda atordoado, esfrega o rosto com força. Coloca as luvas de volta. Pega os sacos de lixo. Segue.

Rio de Janeiro, Laranjeiras.

Hoje, quinze horas.

Barulho de caminhão passando na rua.

J. Key permanece sentado brincando.

Dona Noemy: J. Key, não vai pra varanda ver o caminhão de lixo?

J. Key: Não, vó. Não é o caminhão do lixo. É só o Bob passando. É o caminhão do Bob.

Dona Noemy caminha até a varanda, avista de longe o caveirão passando.

Toda criança deveria correr só quando o caminhão de lixo passar.

Toda criança deveria conhecer o Bob, e achar que ele tem um caminhão diferente, nada mais.

FIM

Nota: O J. Key mora perto da sede do BOPE. Ele vê o caveirão passar toda semana. Ele não tem medo. Toda criança não deveria ter. Ele acredita que existe um cara que se chama Bob, que é dono daquele caminhão.

Comments


bottom of page