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Sem vocês

  • Foto do escritor: Maria Gisele Knust
    Maria Gisele Knust
  • 1 de jul. de 2015
  • 1 min de leitura

O destino, isso a que damos o nome de destino, como todas as coisas deste mundo, não conhece a linha recta.

Nascer.

Crescer.

Reproduzir.

Morrer.

Filho sem mãe é órfão, mas mãe sem filho não tem nome.

Quando você e sua mãe habitavam duas almas em um mesmo corpo, ela emanava uma beleza resplandecente.

Éramos jovens demais. O tormento e inquietude que passávamos, você provavelmente sentia.

Quando o médico abriu a porta, aflito, e me puxou pelo braço e para fora, sua mãe já sabia do que se tratava.

Respondeu firme:

- Ele! Eu escolho ele!

Eis que os filhos são herança do céu, e o fruto do ventre o seu galardão.

Ela não hesitou em abrir mão da própria vida pela sua, meu querido.

E cá estamos nós.

Ela daria tudo para saber o que se passou por aqui, nestes anos que ela esteve por lá.

Ela adoraria ver o seu primeiro corte de cabelo, conhecer a sua primeira namorada.

E agora, eu que nada mais sou, senão um homem de destino não recto que conheceu o maior amor do mundo no encontro com a maior dor. Eu, esse mesmo, eu daria tudo para me juntar a vocês.

Vai depressa, meu filho.

Chegou a vez dela, meu anjo.

Encontra a mamãe e dá um beijinho por mim.

Eu fui filho, fui amante, amado, viúvo e pai.

O que me resta é jazer esta mortalha, que se tornou o meu corpo que já explodiu de amor, agora sem mulher, sem filho e sem nome.


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